Férias Peruanas Parte 2
Impressões de Arequipa
- O Silêncio
Cada vez torna-se mais claro para mim o fato das pessoas não conseguirem lidar com o silêncio. Uma caminhada no meio do nada (e do todo ao mesmo tempo) faz refletir. Yanque, um lugar pequeno, onde a natureza impera. Uma pequena trilha, mas que nos faz sentir pequenos frente ao mundo. Frente à diversidade e ao desconhecido. O mundo é realmente grande e poderoso. E isso algumas vezes parece incomodar. Nem todos conseguem lidar com esse silêncio interior e exterior. Nem todos conseguem lidar com suas questões profundas. É mais fácil seguir falando sobre qualquer coisa ou até mesmo cantando, para que o silêncio não impere.
O silêncio é um paradoxo da vida. Há tantas coisas dentro dele, tantos significados e sensações e, ao mesmo tempo o silêncio é silêncio. É nada. Realmente um grande paradoxo. É nada e é tudo, o silêncio.
Aquietar a mente. Deixar tudo e todos por um certo tempo e sentir apenas o momento, o lugar e, a si mesmo, como parte deste grande todo.
No silêncio também se exerce o agradecimento à vida.
No livro "O Caminho do Guerreiro Pacífico", Sócrates ensina que a mente é diferente do pensamento e que não devemos dar atenção a ela. É a questão dos pensamentos que saltam da mente versus a consciência que provém da meditação.
"Concentre-se! Atenção em tudo. A atenção é importante para o que se faz no agora. Faça ou morra!"
- Yanque - A percepção das diferenças
A primeira impressão ao ver povos tão diferentes é de que as pessoas ainda têm muito há evoluir. Mas onde será que está a evolução? Onde será que ela é necessária? A evolução tecnológica não é tudo. Aliás, está longe de ser. Isso não pode ser a representação de um povo para o quesito evolução. Não se deve julgar.
Na verdade, no final das contas, acabei me sentindo parte de uma grande bolha, que é São Paulo. O mundo me pareceu estar longe de ser inteiro globalizado! E que alívio isso me trouxe. É um alívio saber que ainda se é possível se desligar do mundo, mesmo estando dentro dele!
Existem povos, lugares e culturas que nós nem imaginamos! E como é bom conhecê-los. Como é bom entender que a dimensão vai além e que existem infinidade de formas de se viver.
Um povo que ao mesmo tempo vai à igreja e exercem rituais milenares de sacrifício de animais, cuja energia é totalmente terrena. E dizem por aí que o Brasil é único em sua mistura de linhas religiosas. O contexto é apenas outro. Mas, as atitudes são semelhantes.
E como será para eles viverem desconectados deste mundo globalizado e ao mesmo tempo depender dele? Pois, o turismo não deixa de ser um ponto forte na sua economia. Pensando bem, eles não parecem racionalizar muito esta questão. E a hospitalidade parece ser uma marca própria. Independente de ser turista ou pessoas locais, as pessoas tratam-se bem umas às outras.
- O Canyon de Colca
Os condores. Aves graciosas, belas e pacientes. Esperam a sua hora. Esperam que as correntes de vento estejam prontas para seu vôo. Uma experiência sem igual. Um lugar que dispensa palavras. Quando um condor sabe que chegou sua hora de morrer, ele voa até o ponto de maior altitude que consegue subir e, de lá, se deixa cair. É uma ave suicida, mas com um intuito maior: Alimentar sua família. Alimentar outros condores. Uma vez que esta ave só come animais mortos. Carniça. Nunca animais vivos. E o único predador que os mata para a própria alimentação é o homem. Nenhum outro animal os incomoda. Um a zero para a natureza! Quem será mais evoluído: O homem ou o condor?
Saturday, July 04, 2009
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment