Thursday, July 16, 2009

"Os planos são úteis, mas não se apegue a eles; A vida traz muitas surpresas. A preparação, além disso, tem valor, mesmo que o futuro planejado nunca se torne realidade."
Do livro A Jornada Sagrada do Guerreiro Pacífico.
"A cura é uma questão de tempo; mas por vezes é também uma questão de oportunidade."
Hipócrates, Preceitos, Cap. 1
Livre arbítrio não significa que determinamos a rota; quer dizer apenas que podemos escolher o que desejamos aprender num dado momento.
A verdadeira viagem de descoberta, não consiste em sair à procura de novas paisagens, mas em possuir novos olhos.*
Marcel Proust

POR ISSO...

O importante é estar pronto a qualquer momento, a sacrificar aquilo que somos em favor do que podemos vir a ser.**
Charles Dubois

* Frase tirada da exposição do ano da França no Brasil que está acontecendo no museu da língua portuguesa.
** Frase tirada do livro A Jornada Sagrada do Guerreiro Pacífico.

Wednesday, July 08, 2009

Machu Picchu (version in english)

We got into the city and Leandro and I, at the same time, began to feel the same sensation. We were feeling light there, something like we were floating.

While the guide was making the tour with us and explaining the meaning of that place and what the Incas used to do there, questions were coming through our minds… Once they don’t even know how those people had disappeared, how could they know, with such sureness, what used to be done there? What was that place for? Militarist basement? School of magic? Well… the interpretations are many and that’s only what they are: interpretations.

After the tour, when we got free to walk around there, I chose a very calm and nice spot, where I could make the connection with my mentor and the beings of light, in order to find an understanding about the energies of that place and a specific mountain that had put an spell on me since the very first moment when I stepped on that land: the Putucusi Mountain, which is located exactly in front of Machu Picchu, and its name, in Quechua, can be translated as Happy Skull.

Surprisedly, the being who came to meet me was an Inca being. He transmitted to me the following message (which was asked to be divulged):

“Dear Thaysa,
Loved being of big light and wisdom.
You are present in our space and we offer you words of welcome. My name is Maktub. I am the God that reigns this place.
The energy that circulates here transforms and works on who connects to it.

Machu Picchu was a spiritual work’s land. The energies that come to you now are energies from thousands of years ago. They are all of them converged in the same place.”

I, Thaysa, asked him about the Putucusi Mountain.

“Yes, this mountain, as you already had intuited, converges the energy. And, more than this: it keeps the worked energy from those thousands of years when we were in the Earth. And now, it is responsible to maintain the aura of this place. As it keeps the globe of light that surrounds everything and everyone that is here.

We cannot give explanations about the past, since this is not what matters now. We let you all imagine whatever you want and may you all use these beautiful imaginations.

The only thing we can say is that this land used to work and exist in another dimension, because, in that age, the Earth Planet was not yet prepared to that energy. That’s why this location could not be found before and that’s why the Spanish people did not discover these tracks. The tracks physically disappeared at the age when the empire was fallen.

With the arriving of 2012, this land will be closed, since it will need to rest. And the energies that are still left, will not exist anymore. This place is also part of the Earth’s transformation, and it represents an anchor of the love’s energy. That’s why it is so sacred and mysterious. From 2012 to so on, it will be just ancient rocks.

The lightness that you all feel is part of the effects of the dimension’s change. This place is about to accomplish its saga in the Earth.
Take this message to the public knowledge somehow. It has to circulate and be divulged. We, Incas beings of light, keep working to the Earth’s transformation.

Gracias, obrigado, thank you.”

Salutation, Maktub.

In the end of the message, I asked him where my mentor was. He explained to me that no other energy that comes from the outside of that energetic globe can get into that place and no one energy that circulates in Machu Picchu goes out from there as well. Because of this, it is not possible to emanate energies to anybody who is out of there. Each human being has to be there to get energized by those energies.
Then, I asked what we would need to do to absorb such energy. He friendly smiled and said: “To be here is enough”.

Translation by Ariane Frenda.
http://ariane-frenda.blogspot.com/

Sunday, July 05, 2009

Machu Picchu

Entramos na cidade e ao mesmo tempo eu e Leandro começamos a sentir a mesma sensação. Nos sentíamos leves ali, como se nós estivéssemos flutuando.

Enquanto a guia ia fazendo o tour conosco e explicando o significado do lugar e o que os Incas faziam ali, dúvidas iam invadindo nossas mentes... Uma vez que eles não sabem nem como este povo desapareceu, como eles podem saber com tanta certeza o que era feito ali? Para que servia aquele local? Base militar? Escola de magia? Bem... são muitas as interpretações e são apenas isso: interpretações.

Após o tour, quando ficamos livres para andar pelo local, escolhi um ponto bastante tranquilo e agradável para que eu pudesse fazer minha conexão com meu mentor e com os seres de luz, a fim de buscar entender algo a respeito das energias daquele lugar e de uma montanha a qual eu fiquei encantada desde o momento em que pisei na cidade: A montanha Putucusi, que fica exatamente de frente para Machu Picchu e seu nome em Quechua pode ser traduzido como Caveira Feliz.

Surpreendentemente, o ser que veio ao meu encontro foi um ser Inca. Ele me passou a seguinte mensagem (a qual pede para que seja divulgada):

"Querida Thaysa,
Amado ser de grande luz e sabedoria.
Está presente em nosso recinto e lhe damos as boas vindas. Meu nome é Maktub. Sou o Deus que rege este lugar.
A energia que aqui circula é transformadora e atua em quem se conecta com ela.
Machu Picchu foi um local de trabalhos espirituais. As energias que chegam até você agora, são energias de milhares de anos. Todas convergidas num só lugar."
Eu = Perguntei sobre a montanha Putucusi.
"Sim, esta montanha, como já havia intuido, converge a energia. E, mais do que isso: guarda a energia trabalhada nesses milhares de anos em que estivemos na Terra. E agora, ela é responsável por manter a aura deste lugar. Por manter a abóbada de luz que envolve a tudo e a todos que entram aqui.
Não podemos dar explicações quanto ao passado, pois não é ele que importa agora. Deixemos que imaginem o que queiram e usem suas belas imaginações. Só lhes digo que este lugar funcionava e existia numa outra dimensão, pois naquela época a Terra ainda não estava preparada para tal energia. Por isso este lugar não pôde ser achado anteriormente e por isso os espanhóis não descobriram as trilhas. As trilhas desapareceram fisicamente na época da queda do império.
Com a chegada de 2012 este lugar será fechado, pois precisará descansar. E suas energias que ainda restam, não mais existirão. Ele também faz parte da transformação da Terra e é uma âncora da energia do amor aqui. Por isso é um lugar sagrado e misterioso. A partir de 2012, serão apenas pedras antigas.
A leveza que sentem faz parte dos efeitos da mudança de dimensão. O lugar já está por cumprir sua saga na Terra.
Leve essa mensagem à público de alguma forma. Ela deve circular e ser divulgada. Nós, seres Incas da luz, continuamos trabalhando para a transformação da Terra.
Gracias, obrigada, Thank you.
Saudações, Maktub."

No término da mensagem, perguntei a ele onde estava meu mentor. Ele me explicou que nenhuma energia que está fora da abóbada energética entra e nenhuma energia que circula em Machu Picchu sai. De forma que não é possível emanar energias dali para ninguém de fora. Cada ser humano deve ir até lá para se energizar.
Depois eu perguntei o que precisávamos fazer para absorver a energia do lugar. Ele sorriu carinhosamente e disse: Basta estar aqui.

Saturday, July 04, 2009

A Trilha Inca

Um caminho inspirador e transformador. Acho que posso descrever dessa forma.
Aliás esse foi um grande aprendizado: O CAMINHO é mais importante do que o ponto final.

Saímos do Brasil pensando que o ápice da nossa viagem foi a chegada em Machu Picchu! E no fim, descobrimos que o ápice acabou sendo todo o caminho. Todos os momentos que passamos, os aprendizados que vivenciamos, alguns muito particulares, outros muito coletivos... novas pessoas, novos lugares, novas culturas e valores em transformação...

A Trilha começou e no primeiro dia eu apenas caminhei. Andamos com nossas mochilas e o cansaço era intenso. Muita folha e chá de coca para aguentar a altitude. Descidas, subidas e retas... o caminho tinha de tudo um pouco.

No segundo dia encaramos 5 horas de subida a 4215 metros de altitude. Eram muitos os degraus de pedras. Dei início à caminhada apenas caminhando. Em pouco tempo o grupo começou a se dispersar e as pessoas passaram a caminhar cada qual em seu ritmo. Foi então que eu comecei a caminhar sozinha e pude me dar conta de minha própria respiração. Não sei bem como isso aconteceu, mas a partir de um dado momento eu não estava mais caminhando apenas! Estava meditando. E cada vez me aprofundando mais em meu estado meditativo. Era como se existisse apenas aquele momento. Como se minha mente e meus pensamentos não se dessem conta da existência de mais nada. Apenas daquele momento. Comecei a sincronizar minha respiração com meus passos e com meus esforços de subida. Isso me proporcionou experienciar um ritmo único. O meu ritmo. De forma que a necessidade de parar para descansar era cada vez menor, com paradas cada vez mais rápidas. Meu único momento pensante era quando eu levantava a cabeça, admirava a natureza ao meu redor e agradecia por estar ali, por poder vizualizar aquelas imagens e sentir aquela energia tão prazerosa.

Essa foi uma grande mudança de percepção que me ajudou infinitamente nos dias que se seguiram.

Mas, mesmo meditando e seguindo em frente, o corpo começa a dar sinais de sobrecarga quando se está próximo do topo. E a sensação era de infinita emoção. Ao chegar, a emoção era tão forte, que não há palavras para explicar. Eu cheguei sozinha. As pessoas que já estavam lá aplaudiam e vinham me cumprimentar. Abracei uma das argentinas do nosso grupo. Depois sentei numa pedra. Fazia muito frio. E eu só conseguia chorar de emoção de estar ali, literalmente do lado das nuvens.
Depois disso foram 2 horas de descida. Esse foi, para mim, o momento mais incrível da trilha.

Mais uma vez ficava claro pra mim que os nossos limites são maiores do que nós imaginamos.

No dia seguinte tínhamos mais uma subida. Muito menor do que a anterior. Duas horas apenas. A trilha do terceiro dia é muito bonita. Cheia de sítios arqueológicos lindíssimos e com visuais paradisíacos. Nosso corpo já estava se acostumando àquele movimento. O que nos possibilitou andar no mesmo ritmo, eu e o Lê. Ao invés de mais cansados, nos sentíamos mais preparados.

O quarto e último dia, acordamos às 3:40 da manhã e às 05:00 estávamos na porta de controle para a última trilha até Machu Picchu. Eram 2 horas e meia de caminhada, que fizemos em 2 horas. Um visual recheado pelo nascer do sol. Chegamos à porta do sol e pudemos então avistar o nosso tão esperado destino: Machu Picchu.

Mas, o mais importante, era termos vivenciado um caminho até ali. Um caminho que havia começado em Lima, no início da nossa viagem. E este caminho estava de algum modo, a partir daquele momento, gritando dentro de nós. Isso era o real saldo. Marcas que em contato com o que somos, nos transformaram e continuam fazendo efeito...
O caminho para Cusco - A Saga

Ao chegarmos em Puno, pela manhã, descobrimos que a estrada para Cusco estava bloqueada por manifestações de greve dos povoados. A única forma de se chegar era através de uma estrada alternativa que levava 7 horas a mais do que o normal (em torno de 14 horas de viagem). O único vôo estava lotado.
Era dia 16 e tínhamos que estar em Cusco no dia 18, dia em que daríamos início à Trilha Inca.
Topamos pegar o ônibus alternativo (que não era leito, e sim normal), uma vez que era nossa única opção de chegar à tempo.
Partimos as 8 da noite do dia 16 de Puno.
Leandro e Ivan - nosso amigo espanhol, agregado à nossa viagem em Ica - já estavam sem conseguir dormir desde a noite anterior, também dentro de um ônibus. Seria uma segunda noite chacoalhando sob o frio.
E assim foi. As 7 horas da manhã nos despertamos oficialmente (porque foi difícil conseguirmos dormir por longos períodos durante a madrugada) e descobrimos que o ônibus estava há 2 horas atrasado. Ou seja, seriam 16 horas.
Ok... paciência e vamos seguir viagem.
As 9 da manhã o ônibus pára e se encontra impossibilitado de prosseguir.
Estávamos no meio de um povoado que não fazíamos idéia do nome e mesmo perguntando depois por várias vezes, era difícil entender. Haviam cerca de 15 ônibus e caminhões na nossa frente. Todos igualmente parados.
O povoado estava fechado devido às manifestações da população. Eles alegavam coisas realmente importantes: Semanas atrás, centenas de índios desapareceram nas florestas amazônicas peruanas. Eles foram dizimados por políciais, pois protestavam contra a privatização das áreas que ocupavam. E naquela semana, o governo do Peru estava prestes a fechar um acordo com uma empresa que construiria, naquela região, uma hidrelétrica privatizada. Uma hidrelétrica! Num lugar onde a água existente para aquela população já era escassa! Eles teriam que passar a comprar água por um preço muito mais elevado do que já tinham acesso. E talvez, teriam que se mudar dali, por não terem condições nem de comprar a própria água.
E aquela era a saída que eles encontraram. A atitude que chamaria a atenção do governo de forma mais rápida: Atingindo o turismo e, consequentemente conseguindo mídia espontânea. E, segundo eles: "Cada turista que tomasse suas devidas providências se quisessem passar, pois as empresas sabiam do fechamento das estradas".
Não tem nem como se revoltar com a situação! Aquele povo estava exercendo o próprio direito. O direito de se manifestar. "O povo unido jamais será vencido"! Nós estávamos ali naquele momento e isso era um problema nosso.
Uma coisa que me chamou atenção foi pensar que o Brasil, um país muito maior do que o Peru, com problemas políticos de dimensões muito maiores e piores, não se mobiliza. Não se une para criar suas próprias manifestações. Nessa hora eu tive vergonha de ser brasileira. Podíamos ser um povo com voz. Unidos a favor de um senso comum - que deveria ser manifestações quanto às falcatruas sem fim que vemos ser reveladas todos os meses no nosso poder político. Manifestações quanto às enganações que nos fazem passar. Devíamos nos revoltar pelo que estão fazendo com a nossa Amazônia! Com a CPMF que vira o IOF do cheque especial... e por aí vai!

E isso me faz pensar que talvez toda a história do regime da repressão política da época de 64 parece permear um certo inconsciente coletivo. Parece ser um grande ponto de recalque do brasileiro, de forma que retorna e retorna e retorna. A repressão foi tanta e, inclusive resgatada (de certa forma) no âmbito do real pelo nosso governo atual, que a consequência foi nos tornarmos individualistas. Todos nós passamos a nos exilar dentro de nossos próprios mundos e dentro do nosso próprio país. É muito mais fácil viver o dia-a-dia rotineiro do que perder tempo se preocupando com as questões políticas que não trazem esperanças de mudança. Mas onde está a mudança? Precisamos esperar que o outro é que tome atitudes? Ou será que a mudança está em nós mesmos?
O que eu vi no meio do nada nessa estrada de Puno para Cusco foi que a mudança depende de cada um de nós. De que qualquer atitude de manifestação é válida. Mesmo que seja um tanto quanto extrema, pois foi uma forma encontrada de conseguir chamar a atenção das autoridades.
São Paulo, Rio de Janeiro, são capitais "exemplo" para o país. Até mais do que Brasília. E se as capitais mais importantes economicamente não fazem nada, porque e como as outras vão fazer? Não dá mais para pensarmos assim. Não dá mais para esperarmos a ação do outro. A mudança só depende de nós.

Bem, voltando à saga peruana...
Após 3 horas de espera para entender se algo iria acontecer, percebemos que não tínhamos outra saída senão a de começar a caminhar rumo à Cusco. Estávamos naquele ponto, a 70 km da cidade. Quase que um dia inteiro andando.

A única certeza é que não poderíamos voltar para Puno. Se isso acontecesse, nunca estaríamos no dia seguinte em Cusco para conseguir dar início à nossa trilha Inca. Eu só tinha em mente que precisava seguir em frente.
Nos juntamos num grupo de 5 pessoas: Eu, Leandro, Ivan, Grace e Edward (dois londrinos que estavam no ônibus, turistas como nós) e começamos nossa caminhada. Segundo nos informaram, só tínhamos de andar até o próximo povoado, pois lá teriam táxis que nos levariam a Cusco. Eram duas horas caminhando até este ponto.
15 minutos depois que saímos, conseguimos uma comprar uma carona num carro que já tinham 5 pessoas. Jogamos as malas no porta malas e nos amassamos para cabermos todos. No decorrer do caminho vimos muitos grupos de turistas caminhando também.

Chegamos ao segundo povoado e fomos deixados no início da cidadela. Tínhamos que atravessá-la por inteiro para que pudéssemos ir em busca de condução. Mas antes, os cinco foram intimados a dançar salsa peruana, com uma mulher (que estava no carro conosco) que se intitulava artista. Seu nome era Marisol e ela estava fazendo um video-clipe onde pretendia ter a participação de estrangeiros (mesmo que estivessem com mochila nas costas) dançando com ela, enquanto ela cantava seu mais recente sucesso: Me Enamorei por Ti. A cena foi hilária. Nós, no meio do nada, sem imaginar o nome do lugar que estávamos, sem água suficiente, sem comida, sol à pino da 1 hora da tarde e convidados a fazer parte do video-clipe da Marisol.
Dançamos ao som da salsa-brega-peruana que saia de um aparelho de CD movido à pilhas!

Atravessamos a cidadela e, para a nossa surpresa, não haviam carros. Havia mais um povoado em greve e fechado. E mais uma promessa de que no próximo povoado conseguiríamos carro para Cusco. Para a nossa sorte, havia um caminhão parado no bloqueio que transportava frutas e as estava vendendo. Foi nossa única refeição, além de um pacote de club social que eu carregava na mochila e que dividi entre os 5.

Seguimos andando e dessa vez não tivemos a mesma sorte de encontrar um coche. Dessa vez, surgiu uma tiazinha que dirigia uma bike com um grande suporte na frente para carregar coisas. Nós a convencemos a carregar todas as nossas malas e assim foi. Uma coisa é andar com mochilões e bolsas. Outra coisa é andar livremente. E eu nunca dei tanto valor a poder andar livremente.
Andamos cerca de 2 horas e meia sem trégua do sol.
Pegamos uma estrada de pedras para que a tiazinha pudesse nos deixar o mais próximo possível do vilarejo, uma vez que não podia ser vista nos ajudando.

Ao chegarmos neste lugar, novamente descobrimos que não havia carro! Que havia mais um povoado bloqueado e que se quiséssemos haviam moto-táxis para nos levar ao vilarejo seguinte, pois lá era um lugar que...
Bom, a essa altura do campeonato, já estávamos imaginando que andaríamos até Cusco. Desistimos de criar expectativas. Por um longo caminho tivemos que caminhar novamente, porque o moto-táxi disse que nos pegaria mais pra frente, mas não apareceu. Foi nos pegar após 40 minutos que já estávamos caminhando. E como era uma moto, a única opção era ir um de cada vez. E assim foi. o motoqueiro nos deixou um a um a aproximadamente 1km do último vilarejo.

Para a nossa surpresa, existiam ônibus saindo dali em direção a Cusco! O ônibus levava cerca de 2 horas. E, para nossa sorte o ônibus estava de partida quando nós chegamos. O lado ruim é que não tínhamos mais assentos disponíveis para todos e tivemos que nos revezar para sentar.

Naquele momento me peguei rindo, lembrando o quanto estávamos achando ruim as 14 horas iniciais dentro do ônibus que saiu de Puno e que não era leito. Era uma tragi-comédia. Antes eu estivesse nele.

Chegamos em Cusco por volta das 18:00 do dia 17. Quase 24 horas de viagem.

Após tomar um banho no albergue, saimos para jantar com os nossos 3 amigos de perrengue. Pessoas que se conheceram em um momento extremo mútuo e que vivenciaram juntas a experiência de um trabalho em grupo, que vai direto para o currículo da vida.

E nesse ponto a questão do limite foi muito repensada por mim. Quando achamos que conhecemos os nossos limites, nos surpreendemos. Durante um dia inteiro eu não senti sede, não senti fome e nem sequer precisei ir ao banheiro. Reconheci a importância de uma alimentação saudável e um corpo bem hidratado, que torna-se preparado para um momento extremo como esse. E eu me senti assim: preparada. Os limites do ser humano são realmente discutíveis. Aliás, até que ponto eles existem? Se existem, os meus se tornaram irreconhecíveis pra mim e eu já não coloco minha mão no fogo por eles.

Outra questão forte foi a idéia de ter um foco, uma meta. A minha meta era conseguir começar a trilha no dia 18. Meu sonho tão esperado. E que não poderia deixar que se fosse devido ao sonho de outras pessoas. O sonho de serem ouvidos e de fazer valer seus direitos.
Todos estavam ali em busca de seus sonhos, em busca de realizar seus desejos.
Isso me fez seguir em frente. Isso me fez não racionalizar.

O que é outra questão. A questão da racionalização. Busquei a minha meta através de atitudes tomadas com o meu coração. Se eu tivesse racionalizado, teria dado espaço ao medo de se jogar num caminho desconhecido. Assim como outras pessoas estavam pensando - com medo. Teria continuado dentro daquele ônibus sem perspectivas de continuar meu caminho. Mas não. Eu continuei. E a única certeza que eu ouvia meu coração dizer era que: não, eu não iria andar até Cusco. Algo iria acontecer. Ajudas iriam aparecer! E assim foi! De fato, a fé move montanhas. E não estou falando aqui de uma fé puramente religiosa. Mas, uma fé em si mesmo, nos caminho que o coração aponta. E que uma vez que eu estivesse traçando o caminho que eu de fato deveria seguir, o cosmos se ocuparia do resto.

E assim foi. Assim é. Assim chegamos em Cusco.
Férias Peruanas - Parte 3

Impressões Puno

- Uros
Este povo me pareceu ter descoberto uma forma de viver sobre as águas. Eles vivem realmente longe da civilização e da globalização, mas sua dependência do turismo é muito maior do que a do povo de Yanque. Eles vivem do artesanato que vendem. Com a renda, compram mais matéria prima e mantimentos alimentícios. Não se sabe como é viver ali. E como apenas uma visita, não se tem como saber. É uma realidade realmente muito distante da minha ou provavelmente da sua, que está lendo este post. Ao mesmo tempo existe uma beleza na intrínseca na forma como a cultura de seus ancestrais é mantida.

- Taquiles
Para quem está pensando em visitar Puno, segue aqui uma dica: Se a idéia é passar apenas um dia, NÃO o percam indo até Taquiles! Não vale a pena. Se alguém tivesse me avisado que para entrar na ilha o barco leva 3 horas para ir e 3 pra voltar + um lance de escadas de aproximadamente 25 minutos de subida, eu não teria ido. Só vá se tiver tempo de pernoitar na ilha. Caso contrário, não há tempo de conhecer nada lá indo em apenas um dia. O barco tem hora limite para retornar para Puno, pois não pode navegar depois de anoitecer (o que ocorre a partir das 18:00). O tempo de subida e descida da escadaria foi maior do que o tempo que permanecemos dentro da ilha. Ou seja: mini mico.
Férias Peruanas Parte 2

Impressões de Arequipa
- O Silêncio
Cada vez torna-se mais claro para mim o fato das pessoas não conseguirem lidar com o silêncio. Uma caminhada no meio do nada (e do todo ao mesmo tempo) faz refletir. Yanque, um lugar pequeno, onde a natureza impera. Uma pequena trilha, mas que nos faz sentir pequenos frente ao mundo. Frente à diversidade e ao desconhecido. O mundo é realmente grande e poderoso. E isso algumas vezes parece incomodar. Nem todos conseguem lidar com esse silêncio interior e exterior. Nem todos conseguem lidar com suas questões profundas. É mais fácil seguir falando sobre qualquer coisa ou até mesmo cantando, para que o silêncio não impere.
O silêncio é um paradoxo da vida. Há tantas coisas dentro dele, tantos significados e sensações e, ao mesmo tempo o silêncio é silêncio. É nada. Realmente um grande paradoxo. É nada e é tudo, o silêncio.
Aquietar a mente. Deixar tudo e todos por um certo tempo e sentir apenas o momento, o lugar e, a si mesmo, como parte deste grande todo.
No silêncio também se exerce o agradecimento à vida.
No livro "O Caminho do Guerreiro Pacífico", Sócrates ensina que a mente é diferente do pensamento e que não devemos dar atenção a ela. É a questão dos pensamentos que saltam da mente versus a consciência que provém da meditação.
"Concentre-se! Atenção em tudo. A atenção é importante para o que se faz no agora. Faça ou morra!"

- Yanque - A percepção das diferenças
A primeira impressão ao ver povos tão diferentes é de que as pessoas ainda têm muito há evoluir. Mas onde será que está a evolução? Onde será que ela é necessária? A evolução tecnológica não é tudo. Aliás, está longe de ser. Isso não pode ser a representação de um povo para o quesito evolução. Não se deve julgar.
Na verdade, no final das contas, acabei me sentindo parte de uma grande bolha, que é São Paulo. O mundo me pareceu estar longe de ser inteiro globalizado! E que alívio isso me trouxe. É um alívio saber que ainda se é possível se desligar do mundo, mesmo estando dentro dele!
Existem povos, lugares e culturas que nós nem imaginamos! E como é bom conhecê-los. Como é bom entender que a dimensão vai além e que existem infinidade de formas de se viver.
Um povo que ao mesmo tempo vai à igreja e exercem rituais milenares de sacrifício de animais, cuja energia é totalmente terrena. E dizem por aí que o Brasil é único em sua mistura de linhas religiosas. O contexto é apenas outro. Mas, as atitudes são semelhantes.
E como será para eles viverem desconectados deste mundo globalizado e ao mesmo tempo depender dele? Pois, o turismo não deixa de ser um ponto forte na sua economia. Pensando bem, eles não parecem racionalizar muito esta questão. E a hospitalidade parece ser uma marca própria. Independente de ser turista ou pessoas locais, as pessoas tratam-se bem umas às outras.

- O Canyon de Colca
Os condores. Aves graciosas, belas e pacientes. Esperam a sua hora. Esperam que as correntes de vento estejam prontas para seu vôo. Uma experiência sem igual. Um lugar que dispensa palavras. Quando um condor sabe que chegou sua hora de morrer, ele voa até o ponto de maior altitude que consegue subir e, de lá, se deixa cair. É uma ave suicida, mas com um intuito maior: Alimentar sua família. Alimentar outros condores. Uma vez que esta ave só come animais mortos. Carniça. Nunca animais vivos. E o único predador que os mata para a própria alimentação é o homem. Nenhum outro animal os incomoda. Um a zero para a natureza! Quem será mais evoluído: O homem ou o condor?
Livro: O Caminho do Guerreiro Pacífico

Passagem do livro para se pensar:
"O stress só acontece quando a mente resiste ao que ela é."
Férias Peruanas

Primeiras Impressões de Lima:
- É normal ver pessoas deitadas na grama em canteiros estreitos pela cidade no horário da ciesta. Em geral são homens trabalhadores, vestidos com seus uniformes.

- No Peru, taxistas também são guias turísticos e um pouco "mães". Eles não se conformam em apenas te transportar. Eles descem onde quer que seja com você e o ajudam no seu ponto de destino. Seja para comprar uma passagem de ônibus e te colocar dentro do mesmo, seja para fechar o albergue, seja para pedir informações.

Impressões de Ica:
- O mistério está no ar no Peru. De Lima pra Ica pode se ver o mar. A água é escura e os terrenos são desérticos.

- O desenho do candelabro no caminho para as Ilhas Ballestas é mais um exemplo disso. Dizem que podem ter sido feito por: piratas, pelo mesmo povo que desenhou as linhas de Nazca ou até mesmo por extraterrestres (que é a aposta do guia do barco). Os cactos da ilha eram usados para rituais e seu líquido é alucinógeno (o que conheceríamos dias depois, num vilarejo chamado Yankee, como a famosa bebida "Cacto Lôco").

- Eu me apaixonei pelos Leões Marinhos! Eles são realmente incríveis, principalmente quando estão em família em seu habitat natural. Eles chamam as Ilhas Ballestas de Ilhas da Maternidade.

- Fico impressionada como o futebol realmente é um assunto que consegue unir qualquer nacionalidade masculina em qualquer lugar do mundo. Por exemplo: Um taxista peruano, um farmacêutico espanhol e um publicitário brasileiro, podem virar melhores amigos em questão de minutos. A sensação era a de que já se conheciam há anos.

- A sensação de vencer o medo de descer as Dunas de Huacachina é inexplicável. A adrenalina parece alcançar seu ponto máximo. A noção de dificuldade criada pela mente é algo muito maior do que se é na prática. E quando o medo é quebrado e deixado de lado, pode-se vivenciar um real momento de diversão!
São aproximadamente 9 Dunas que descemos que pranchas ou tábuas de sandboard. O mais impressionante é que quando se ultrapassa o limite do que se parece impossível de cumprir, outra noção de limite é colocada - Duna após Duna. Até que na última e pior delas, a mesma sensação já foi sentida diversas vezes e já não se acredita mais que limites existam. A forma como a situação se repete à sua frente, já trás outros significados. Significados esses que vão se transformando - Duna após Duna. E, por mais que aparente um maior nível de dificuldade, a única certeza é que a descida terá de ser feita. O significado de limite a ser ultrapassado, já não existe mais. O que fica é o significado de ser apenas mais um acontecimento que aparece no seu caminho e que, com certeza, vai te causar uma explosão de adrenalina! Just go!